terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Seleção de Linhagens

Na criação de canários, é comum o criador comprar um pássaro excepcional, por um preço idem e, para seu infortúnio, esse reprodutor só produzir pássaros de qualidade mediana. Toda a culpa acaba sendo jogada nesse pássaro, que não conseguiu imprimir as suas boas características, ou no outro componente do casal. Raramente o próprio criador reconhece não haver definido alguns critérios na hora do acasalamento.

Sempre ouvimos que determinado criador está na frente dos demais só porque importou alguns pássaros para seu plantel. Também não é inteiramente correto, pois, assim sendo, não estaríamos melhor em muitas cores do que os europeus, que são a fonte das importações.

O que apenas uma parcela atenta é para o fato da necessidade de formação de linhagens dentro dos seus plantéis; quem isso percebe, vai longe. No Campeonato Brasileiro, anualmente, nas listas dos classificados há uma repetição dos nomes dos criadores, e não é por acaso. Por quê um criador vende o seu Campeão Brasileiro e no outro ano volta a vencer, sem que os filhos daquele pássaro apareçam? A resposta é: esse criador possui uma linhagem de pássaros, e o campeão é só um integrante dessa família. Por outro lado, alguns criadores criteriosos, mesmo com menor expressão nacional, vem, ano após ano, subindo de posição entre os premiados.

É lógico que um pássaro que vence possui maior probabilidade de reproduzir bem, em função de toda a seleção que ocorreu para que ele nascesse e fosse escolhido no concurso. Porém, para os criadores que estão buscando um lugar entre os já "consagrados", o que deve ser feito? Seria muita presunção dar aqui uma receita de como criar somente pássaros premiados, pois nem eu mesmo sei. Aliás, ninguém sabe! O que quero frisar é que os criadores devem conhecer bem os seus plantéis, com as suas características e defeitos, para que possam "lapidar" os filhotes como desejarem, partindo dos acasalamentos.

Hoje, na canaricultura, os campeões quase sempre são escolhidos nos ligeiros detalhes que os diferenciam dos demais. Algumas cores estão tão avançadas que os critérios de desempate chegam a ter caracteres de subjetividade.
Na formação de uma linhagem devemos partir de pássaros que estejam muito próximo do desejado, consolidando essas características através, principalmente, de consangüinidade nos acasalamentos. Porém, será muito difícil se obter bons resultados com pássaros muito distantes dos padrões ideais.
Não é verdade que somente os grandes criadores, em tamanho de plantel ou prêmios, detenham todas as melhores características em suas aves. Criadores sérios e determinados tem conseguido ótimos resultados e produzido pássaros que trazem características positivas bem definidas.

Quando um reprodutor transmite muito bem as suas características, é um bom indicativo de que foi selecionado para essa finalidade, e que estas características estão estabilizadas no plantel, através de homozigoze.

Muitos falam em "choque de sangue" sem parar para pensar em como ele ocorre, ou qual é a sua finalidade. Acabam introduzindo pássaros novos em seus plantéis, sem nenhum critério objetivo, só para "mudar de sangue". No entanto, só haverá choque sangüíneo quando uma das linhagens estiver fechada e estabilizada por homozigoze. O outro pássaro, com informação diversa, promoverá uma injeção de novas características naquela linhagem. O resultado poderá ser dos melhores, se bem dirigido.

De maneira geral, podemos resumir que o caminho está na fixação de bons caracteres no plantel, fechando-o após atingir o nível de apuro ideal, e introduzir, após esse momento, pássaros de qualidade, com as características desejadas para complementar aquele grupo. Assim, os objetivos propostos com os acasalamentos tecnificados estarão mais perto de ser alcançados.

Quadro de vitaminas

A
Indicações: Nas hipovitaminoses e suas manifestações.
A Carência da vitamina A pode ocasionar: afecções oculares: conjutivos, querato conjuntivos. Cegueira noturna em caninos e felinos.
Aves: o sintoma de deficiência da vitamina a é crescimento retardado. Nas reprodutoras ocorre diminuição na produção de ovos.
Modo de Usar: 1g a 3g por kg de ração.

B1
Indicações: Polineurites e inapetência em caninos e felinos.
A carência da vitamina B1 pode ocasionar: transtornos gastrointestinais em caninos e felinos.
Aves: a deficiência de vitamina B1 traz desordens nervosas em aves jovens ou adultas, culminando em uma paralisia característica chamada polineurite.
Modo de Usar: 1g a 3g por kg de ração.

B2
Indicações: Auxilia nas convalescenças, atraso de crescimento, algias e alterações neuromusculares.
Aves: a deficiência da vitamina B2 causa baixa eclosão e embriões com dedos torcidos e deformados.
Modo de Usar: 1g por Kg de ração a 2g por 10Kg de ração.

B6
Indicações: Auxilia o crescimento e a reprodução. Melhora o apetite.
Aves: a deficiência da vitamina B6 ocasiona movimentos desordenados, seguidos de convulsões, exaustão e morte.
Modo de Usar: 1g por Kg de ração a 2g por 5Kg de ração.

B12
Indicações: Nas anemias macorcíticas e nas produzidas por hemorragias e actos cirúrgicos. Utilizada no tratamento de doenças anemiantes. Revitalizador das forças durante o crescimento, convalescenças e nas perdas de peso e apetite.
Aves: A vitamina B12 é essencial para as aves jovens e também aves reprodutoras.
Modo de Usar: 1g por kg de ração a 3g por 10Kg de ração.

C
Indicações: Nas hipovitaminoses provocadas por defeitos da síntese ou absorção desta vitamina. Aumenta as defesas orgânicas nas convalescenças de doenças infecciosas, hemorrágicas e febris.
Aves: utilizada na prevenção e tratamento do stress, viagens e mudanças de alojamento.
Modo de Usar: 0,5 por kg de ração a 2g por 10Kg de ração.

D3
Indicações: No tratamento do raquitismo e osteomálacea. Regula a fixação de cálcio e fósforo nas consolidações de farturas e diastrofia óssea. Nos períodos de crescimento e lactação.
Aves: a deficiência da vitamina D3 ocasionará cascas finas e quebradiças nos ovos ou memos paraliação da postura.
Modo de Usar: 1 a 2g por kg de ração.

E
Indicações: Para restabelecer os níveis de vitamina E.
A carência da vitamina E pode ocasionar: azoospermia e necrospermia nos machos; infertilidade, abortos e esterilidade nas fêmeas.
Aves: a vitamina E é indicada para o melhor sucesso das reprodutoras e eficiências na eclosão.
Modo de Usar: 1g por kg de ração a 2g por 10Kg de ração.

H
Indicações: Dermatite, atraso no crescimento, anorexia.
Aves: a deficiência da biotina (vitamina H) ocasiona dermatite. A base dos pés fica áspera, calosa e se arrebentam, formando hemorragias.
Modo de Usar: 2g por kg de ração a 2g por 5Kg de ração.

K
Indicações: Anti-hemorrágico e diminuidor do tempo de coagulação do sangue. Como acelerador da protrombina do sangue.
Utilizada nas fases prés o pós cirúrgicas.
Aves: aumenta a resistência a hemorragias e diminui o tempo de cicatrização.
Modo de Usar: 1g por kg de ração a 3g por 10Kg de ração.

Enviado por: Ivo Leite

Pequenos Problemas na Reprodução:

A estação de criação é para os criadores uma fonte de questões e também de problemas. Eis aqui alguns deles referentes aos ovos e aos filhotes no ninho.
O que fazer com os ovos claros?

É normalmente por volta do sexto dia que o criador observa se os ovos estão fecundados. Quando não estão, são chamados de "claros". Deve-se então retirá-los?
Sim, se todos estiverem claros. A fêmea fará então uma outra postura: postura de substituição.
Certos casais, contudo, são capazes de identificar ovos claros. Podem até expulsá-los do ninho. Porém a maior parte dos casais não fazem isso. Assim, retirando-se esses ovos evita-se que a fêmea se desgaste por uma incubação inútil. Também ganha-se tempo. É interessante que o criador conserve cuidadosamente um ou dois ovos claros. Podem servir para um outro ninho. Deve-se juntar um ovo claro a uma ninhada pouco abundante de pequenos pássaros.
O ovo claro evita que os filhotes novos sejam esmagados acidentalmente. Num ninho, vazio, o ovo claro pode estimular a postura ou, como se verá, constatando-se se um casal não come os ovos. Se numa postura ocorreu apenas um ovo claro, estando os outros fecundados, deve-se então deixá-lo.
Ovo rachado e ovo furado.

Se um ovo acidentalmente rachado, é possível conservá-lo usando-se cola ou gesso com um pincel. Geralmente, porém, este ovo gora pela contaminação com micróbios. Quando um ovo está furado, isto geralmente acontece devido às unhas muito pontiagudas dos pais. Esse ovo não se desenvolverá. É muito raro que o ovo seja furado por uma bicada; o furo seria muito maior e, frequentemente, quando isso ocorre, o ovo é comido pelos pais. É necessário observar para que as unhas não fiquem afiadas e, se necessário, deve-se cortar suas pontas com tesoura.
É preciso retirar-se os ovos e depois retorna-los ao ninho?
Muitos criadores retiram os ovos que vão sendo postos até o terceiro para então, devolvê-los juntos ao ninho. Os ovos retirados são colocados sobre algodão ou painço e diariamente revirados para se evitar que o embrião cole na casca. Eles fazem isso para conseguir uma eclosão agrupada. É que, frequentemente, o filhote nascido por último fica menor e, assim, essa demora de crescimento pode levar ao abandono pelos pais e à morte. A morte de um filhote pode prejudicar a totalidade deles se o cadáver não for removido.
Os ovos são postos isoladamente: um ovo por dia, e dois dias podem separar o primeiro do segundo ovo. Portanto, as eclosões são agrupadas. Ela pode ocorrer num mesmo dia ou dois dias somente. Na galinha, vinte pintainhos podem eclodir ao mesmo tempo.
Experiências têm mostrado que a fêmea move os ovos regularmente. Isso pode ser verificado pela marcação suave com um lápis. Deslocando-se os ovos ela permite uma incubação regular: os ovos situados na periferia recebem menos calor que aqueles do centro do ninho o que poderia acarretar uma demora no seu desenvolvimento. A fêmea muda então os ovos do centro para a periferia e vice-versa. Alguns casais de aves parecem poder avaliar o grau de desenvolvimento do embrião, seja pelo equilíbrio do ovo, seja pelos primeiros gritos dos filhotes prestes a nascerem. A movimentação dos ovos pode ser necessária quando a ninhada chega de 4 a 6 ovos ou mais. Ela tem a finalidade de assegurar a eclosão agrupada. No ovo, o futuro embrião fica admiravelmente suspenso, de tal modo que esteja no alto, sobre a gema. Em seguida as ligações embrionárias protegem o embrião e o sustentam. O embrião pode correr o risco de colar na casca. Num ovo gorado pode-se observar um embrião imperfeito, colado na casca; isto ocorre após a morte do embrião. Ela pode ser acidental (resfriamento), genética (tara) ou microbiana.
Os recém-nascidos jogados para fora do ninho.
A eclosão geralmente ocorre pela manhã e é quando o criador encontra 1 ou 2 filhotes fora do ninho, já frios. Se eles ainda se movem, pode-se aquecê-los com um bafejo antes de retorná-los ao ninho. Porém deve-se ter mais atenção e revê-los sempre, pois correm o risco de serem novamente jogados para fora.
Aí surge uma dúvida; foi acidente ou foi acto voluntário? A confirmação do ato voluntário é dada por pequenas feridas produzidas pelo bico do pai que expulsou os filhotes, geralmente causadas numa pata ou asa do filhote. Quando isso acontece, pode-se colocar os filhotes no ninho de um outro casal, onde geralmente são bem acolhidos quando nesse novo ninho existem filhotes de idade semelhante. Se os filhotes são recolocados com a mãe, é conveniente retirar-se o macho. Geralmente o macho é o culpado. Para ele, os filhotes no meio dos ovos não eclodidos são tomados como intrusos ou corpos estranhos que precisam ser retirados. Durante a incubação e na semana subsequente os pais vigiam atentamente a limpeza do ninho. É raro que todos os filhotes sejam expulsos; eles não o são quando fica ainda um ou dois ovos no ninho, após sua eclosão.
O número óptimo de filhotes.
Quando existem muitos filhotes num ninho raramente eles se desenvolvem convenientemente. Frequentemente um fica mais atrasado, seja o último a nascer, seja uma mutante. Toda a ninhada pode ter seu desenvolvimento retardado porque os pais não conseguem satisfazer a todos os filhotes. Ao contrário, se a ninhada é de apenas um filhote, ela arrisca ser abandonada pelos pais quando desejam recomeçar uma nova ninhada. Existe um número óptimo de filhotes. Ele depende das aves. Para os canários e pequenos exóticos é de três filhotes, raramente quatro. Dessa forma tem-se maiores chances de obter-se pássaros grandes. A procura dos filhotes pelo alimento é muito importante para estimular os pais, mas não deve ser excessiva e, por conseguinte, para que todos os filhotes sejam bem nutridos. É interessante que o criador equilibre as ninhadas, às vezes removendo um ou dois filhotes. Se eles não estiverem anilhados, pode-se marcá-los com um hidrocor. Quando começarem a emplumar fica fácil de identifica-los. Salvo quando houver necessidade, não se deve provocar a saída dos filhotes do ninho. É preciso que saiam por si só. Se forçarmos a saída deles, ficarão mais selvagens, mais tímidos. Ficando mais tempo no ninho, sentem-se mais seguros. É possível que anomalias de comportamento sejam provenientes de uma "má saída" do ninho.

Autoria: Maurice Pomarède
Revista Pássaros-Ano 4 n 0 13